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Cuidados com Saúde Mental na Terceira Idade

saude mental na terceira idade

Muitas vezes negligenciada, a saúde mental dos idosos é fundamental para a manutenção da saúde global do indivíduo.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil já tem a quinta maior população idosa do mundo. Essa realidade demanda uma série de cuidados com a saúde, incluindo aqueles especificamente relacionados ao bom funcionamento da mente. Para esclarecer pontos importantes sobre a saúde mental na terceira idade, André Gordilho, psiquiatra da Holiste, falou ao programa CNT Notícia.

Assista a entrevista completa:

AUMENTO DA ESPECTATIVA DE VIDA, AUMENTO DOS CUIDADOS

No Brasil, o Estatuto do Idoso considera idosa a pessoa que atinge 60 anos. Já na Constituição Federal, a idade referência é 65 anos. Independente do padrão de referência, o interessante é que a população esteja envelhecendo, ficando grisalha. Segundo André Gordilho, estima-se que até 2020 o Brasil terá cerca de 30 milhões de idosos.

Com o avanço da idade, uma série de doenças relacionadas ao envelhecimento aparecem, incluindo algumas doenças neurológicas, transtornos cognitivos e o agravamento de alguns transtornos mentais. Quadros demenciais, transtornos de ansiedade, transtornos de humor (especialmente as depressões) e outros quadros de déficit cognitivo são os mais frequentes nessa faixa etária. Para que esses problemas não se agravem, é preciso atentar para alguns sinais e buscar o diagnóstico precoce:

“Muitas vezes, o idoso já tem aquele estigma – ele não gosta de sair de casa, gosta de ficar reclamando, ele se queixa de um monte de coisa – isso não é o normal. O normal é a pessoa envelhecer, obviamente que com o envelhecimento você tem algumas perdas (que é natural do envelhecimento), mas tudo que passar do normal, do que é usual, deve ser observado com crítica. Porque não é normal o idoso que não sai de casa, não é normal o idoso que só fica na cama, não é normal o idoso que acha que tá velho e por isso não tem que fazer mais nada, não tem que ter amigos, não tem que aproveitar. Esses são sinais de alerta que a gente precisa ficar atento, porque esse idoso pode estar deprimido” – avisa o especialista.

PREVENÇÃO

A variedade de doenças características da terceira idade é muito extensa, e cada uma delas possui propriedades bastante particulares, desde sua sintomatologia às causas e possíveis gatilhos, o que dificulta estabelecer uma única medida preventiva para todas elas. Contudo, é sabido que a adoção de hábitos de vida saudáveis são determinantes para evitar ou minimizar os efeitos das doenças degenerativas.

“Existem conceitos do que é um envelhecimento bem-sucedido, que estão longe de ser um consenso. Mas, a gente sabe que o idoso quando envelhece sem doença tem mais qualidade de vida, ou seja, tratar as doenças clínicas de base para poder envelhecer com bem-estar; fazer atividade física, porque isso promove a capacidade física, melhora a flexibilidade, a disposição do idoso; ter contato social, amigos, família, são coisas que a gente tem que procurar fazer para que esse idoso tenha qualidade de vida. (…) Não adianta malhar só o corpo, tem que malhar o cérebro, também, malhar a mente para ela poder estar sempre ativa” – explica André.

O PAPEL DA FAMÍLIA

Na grande maioria dos casos, o idoso só procura ajuda especializada quando uma outra pessoa percebe os sintomas e tem a iniciativa de agendar uma consulta, não raro à contragosto do paciente. Essa teimosia característica da terceira idade deve ser observada com atenção, segundo o psiquiatra:

“Muitas vezes essa teimosia já é sintoma. Obviamente, o idoso tende a ficar com menos flexibilidade com as coisas. Então, isso é natural, mas não de forma excessiva ao ponto que ele recuse tudo, não queira fazer nada. A melhor forma de abordá-lo é com jeitinho, com carinho, chegar e tentar leva-lo, apresentar a situação. Quando não der, trazer a situação até o idoso e ir estimulando, de forma em que ele vá se desenvolvendo” – pontua.

TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS MENTAIS NA TERCEIRA IDADE

Cada transtorno mental tem um tratamento específico, que leva em consideração a sua sintomatologia. Assim, a variedade de abordagens possíveis é grande e depende, também, da análise de cada caso, levando em consideração a singularidade de cada paciente.

“Cada quadro demanda um tipo de tratamento diferente, mas o que a gente poderia colocar numa cesta comum é fazer atividade física, estimular a cognição, ou seja, fazer trabalhos de estimulação cognitiva nesse idoso, tratamento medicamentoso nos casos indicados e a base de apoio e suporte social e familiar” – finaliza o psiquiatra.